Com a câmera fixa, o enquadramento em profundidade de Um Pombo Pousou num Galho Refletindo Sobre a Existência remete a um quadro de Edward Hopper. O silêncio, os ambientes cinzas, sem cor. As histórias se sucedem em recortes, sem maiores explicações. Seus personagens parecem estar limitados por barreiras invisíveis, não conseguem expressar a dor que deveras sentem, e não seriam entendidos.
A narrativa do filme se dá nos detalhes. Os personagens são rígidos fisicamente, quase não se movem e parecem declamar um texto ensaiado e esvaziado. Os vendedores de produtos de entretenimento estão imersos em profunda tristeza. A risada gravada que vendem soa sem sentido, com um peso, e se evanesce no vazio. Ou pode ser inacessível a alegria, como o guarda que observa através do vidro o restaurante que não pode entrar por um mal-entendido na reserva.
É também sobre a vida que segue contínua e os dias que se confundem. O afastamento do observador faz com que ele se torne o pombo do título. É a existência absurda que damos prosseguimento sem saber bem o motivo é o que retrata o filme. Talvez aceita-se que tudo está bem para não enxergar o quão mal as coisas estão.
O papel e função da crítica frente à arte contemporânea
Na arte contemporânea a aparência e o conteúdo se distanciam devido a diluição de fronteiras, desmaterialização e o conceito criado em torno da obra que exige interpretações que variam de acordo com a experiência de cada pessoa. Tal distanciamento deixou colocou o público em um cenário de desorientação frente à produção de arte contemporânea, deixando-o perdido facilmente por não sabe reconhecer uma proposta artística indagando muitas vezes "isso é arte?" e é nessa conjuntura que se faz necessário um estudioso no ramo da arte como o Crítico. O público que está sempre sendo exposto a produções totalmente diferentes com propostas sempre novas, precisa se situar, e o crítico será seu porta-voz e guia. Um dos seus desafios é reconhecer em meio a inúmeras produções a existência de um valor artístico através do seu exercício de análise, discernimento, separação e avaliação das obras. Seu trabalho se torna ainda mais difícil na contemporaneidade, pois ele não tem um modelo em que se apoiar como tinham antes os da academia. O ato crítico envolve aprender a olhar, segundo Jacques Lenhardt, filósofo, crítico e diretor de estudos na École des Hautes Études en Sciences Sociales, pois a análise de uma imagem incita a sensibilidade e pode ser desenvolvido por todos. O Crítico de arte pode ser considerado um professor que vai indicar pontos em uma obra, mas que não deve ser levado somente em conta, ele indicará o caminho para o público desenvolver o seu senso acerca da arte, para posteriormente formar um juízo de valor para a produção. A noção temporal na arte contemporânea também se diluiu, pois ela está sempre em um fluxo transitório fazendo com que suas formas de expressões estejam sempre sendo renovadas. Tal fato faz com que o espectador muitas vezes não capte o sentido e a proposta no momento da produção, que se faz importante por estar inserida em um contexto influenciado pelo meio em que foi criado, mas que se não for percebido pode sofrer ressignificações com o tempo. O crítico deve se ocupar, então, em ser intermediário entre o artista e o público, e a crítica com a função de interpretação e reflexão para a compreensão do fenômeno artístico no momento de sua produção. Por Bárbara Evellyn Imagem via 2day
No
ano em que o cosmonauta do leste alemão Sigmund Jähn alcançou o céu, o marido
de Christiane Kerner foge para o lado capitalista do Muro, a deixando com os
dois filhos. O choque inicial e a pressão dos investigadores do regime a
fragiliza a ponto de leva-la para uma casa de repouso. Quando recebe alta,
passa a conduzir sua vida de maneira diferente. Entrega-se por inteiro as
atividades do partido, lutando contra as pequenas injustiças do cotidiano. Em
seu vestuário transparece sua ânsia por organização e ordem.
Já
crescidos, os filhos não mais se identificam com o idealismo da mãe em meio a
uma sociedade em vias de transformação. Alexander, o mais novo, descontente com
a situação, mesmo sem muito entusiasmo e engajamento, é levado a participar, no
ano do quadragésimo aniversário da República Democrática Alemã, da manifestação
de 7 de outubro, contra as fronteiras e pela liberdade de imprensa. É nela que
conhece Lara. Na confusão com a polícia, Christiane, voltando de um evento
oficial, reconhece o filho. Não suporta e tem um ataque cardíaco.
Sentindo-se
culpado pelo que aconteceu com a mãe, Alex tenta manter-se próximo a ela, falar
sobre a vida, assim como tinha feito dez anos antes, na época do sumiço de pai.
Durante a longa permanência no hospital que Lara, a moça que vira durante a
manifestação, era uma das enfermeiras. Entre plantões e horas livres, os dois
começam um envolvimento.
Nos
oito meses em que estava em coma, o mundo de Christiane se desfaz no ar. O Muro
deixa de existir, não havia mais a Alemanha comunista. O modo de vida estava em
transformação, que se refletia nas novas roupas, nas novas marcas nos mercados,
no comportamento das pessoas. A mudança também atingiu os irmãos Kerner.
Ariane, que já era mãe da pequena Paula, deixa a faculdade de economia para
trabalhar em uma lanchonete do Burguer King com seu novo namorado. A loja de
conserto de televisores em que Alex trabalhava fecha, e ele encontra emprego
como instalador de TV à cabo, onde conhece Denis Domanschke, seu colega.
Por
recomendação médica, depois de recuperar a consciência, Chistiane não deve
passar por abalo emocional. A partir daí o afeto e atenção de Alex pela mãe é
somado a um senso de responsabilidade. Reconstrói, com o amigo Denis, a RDA
dentro do quarto dela. O comportamento dos dois filhos é quase oposto. Ariane
aparece distanciada, não concorda com a atitude do irmão.
Enquanto
se recupera, mais complicado torna-se manter o mundo cênico criado por Alex. O
vento dos novos dias é mais forte. Alexander construiu sua mentira pela vontade de proteger, por
preocupação. Antes de conta-la a mãe, é ela quem revela uma outra verdade
encoberta. Não foi com uma amante que o pai deles havia fugido. Por não
participar do partido, Robert Kerner passava por uma situação muito complicada.
Com a oportunidade de viajar com um congresso, foi para o Oeste. A esposa
deveria ir com os filhos, mas faltou coragem. Depois, veio o arrependimento que
escondia sob a máscara de dedicação ao regime.
Morre
dias depois de um reencontro com o marido, planejado pelo filho. Para Alex,
nunca soube ela a verdade a respeito da unificação. Lara, não concordando em
enganá-la, já havia lhe contado. Esse então é o segredo que Lara, por sua vez,
irá guardar, tal como os outros dois haviam feito, e pelo mesmo motivo.
Oi, meu nome é Bárbara, sou estudante de arte e me envolvo muito com o processo criativo de expressão. Criei o blog Inverno Amargo e aqui é um espaço para falar sobre arte em geral,como também para publicar contos, crônicas e ilustrações.