Por Helen Almeida
Filme de Wolfgang Becker, 2003
Já
crescidos, os filhos não mais se identificam com o idealismo da mãe em meio a
uma sociedade em vias de transformação. Alexander, o mais novo, descontente com
a situação, mesmo sem muito entusiasmo e engajamento, é levado a participar, no
ano do quadragésimo aniversário da República Democrática Alemã, da manifestação
de 7 de outubro, contra as fronteiras e pela liberdade de imprensa. É nela que
conhece Lara. Na confusão com a polícia, Christiane, voltando de um evento
oficial, reconhece o filho. Não suporta e tem um ataque cardíaco.
Sentindo-se
culpado pelo que aconteceu com a mãe, Alex tenta manter-se próximo a ela, falar
sobre a vida, assim como tinha feito dez anos antes, na época do sumiço de pai.
Durante a longa permanência no hospital que Lara, a moça que vira durante a
manifestação, era uma das enfermeiras. Entre plantões e horas livres, os dois
começam um envolvimento.
Nos
oito meses em que estava em coma, o mundo de Christiane se desfaz no ar. O Muro
deixa de existir, não havia mais a Alemanha comunista. O modo de vida estava em
transformação, que se refletia nas novas roupas, nas novas marcas nos mercados,
no comportamento das pessoas. A mudança também atingiu os irmãos Kerner.
Ariane, que já era mãe da pequena Paula, deixa a faculdade de economia para
trabalhar em uma lanchonete do Burguer King com seu novo namorado. A loja de
conserto de televisores em que Alex trabalhava fecha, e ele encontra emprego
como instalador de TV à cabo, onde conhece Denis Domanschke, seu colega.
Por recomendação médica, depois de recuperar a consciência, Chistiane não deve passar por abalo emocional. A partir daí o afeto e atenção de Alex pela mãe é somado a um senso de responsabilidade. Reconstrói, com o amigo Denis, a RDA dentro do quarto dela. O comportamento dos dois filhos é quase oposto. Ariane aparece distanciada, não concorda com a atitude do irmão.
Enquanto
se recupera, mais complicado torna-se manter o mundo cênico criado por Alex. O
vento dos novos dias é mais forte. Alexander construiu sua mentira pela vontade de proteger, por
preocupação. Antes de conta-la a mãe, é ela quem revela uma outra verdade
encoberta. Não foi com uma amante que o pai deles havia fugido. Por não
participar do partido, Robert Kerner passava por uma situação muito complicada.
Com a oportunidade de viajar com um congresso, foi para o Oeste. A esposa
deveria ir com os filhos, mas faltou coragem. Depois, veio o arrependimento que
escondia sob a máscara de dedicação ao regime.
Morre
dias depois de um reencontro com o marido, planejado pelo filho. Para Alex,
nunca soube ela a verdade a respeito da unificação. Lara, não concordando em
enganá-la, já havia lhe contado. Esse então é o segredo que Lara, por sua vez,
irá guardar, tal como os outros dois haviam feito, e pelo mesmo motivo.
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